No programa Senge 20 Minutos desta semana, produzido pelo Sindicato de Engenheiros de Minas Gerais (Senge-MG), Alex Moura de Souza Aguiar, diretor do sindicato, engenheiro civil, mestre em saneamento e doutorando em políticas públicas de saneamento pela UFMG, aborda o papel estratégico da COPASA e os desafios do saneamento básico em Minas Gerais.
Atualmente, a COPASA está presente em 583 dos 853 municípios do estado, abrangendo aproximadamente 70% do território mineiro. Apesar da ampla cobertura, a universalização dos serviços de água e esgoto ainda enfrenta problemas relacionados à infraestrutura e investimentos.
Alex destaca que a expansão simultânea e integrada dos serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto é fundamental para garantir eficiência e sustentabilidade. Ele explica que, onde há fornecimento de água, há geração de esgoto, o que torna crucial a atuação coordenada entre esses dois serviços. Entretanto, em diversas regiões do estado, essa sincronia ainda não foi alcançada, gerando problemas como o despejo de esgoto in natura em corpos d’água e a contaminação ambiental. Essa situação reflete a necessidade de um planejamento mais robusto e de maior investimento em saneamento, com foco em evitar a degradação de recursos hídricos e proteger a saúde pública.
A situação da Lagoa da Pampulha é um dos pontos centrais da discussão. Alex explica que, por ser um lago artificial, ela enfrenta o desafio natural do assoreamento ao longo do tempo, agravado pela urbanização desordenada. Além do aporte de resíduos sólidos e matéria orgânica provenientes das enxurradas, a Lagoa continua recebendo esgoto de córregos afluentes. Apesar da existência de uma estação de tratamento de águas fluviais no Córrego Sarandi, operada pela COPASA, sua eficiência é limitada aos períodos de seca, quando trata até 700 litros por segundo. Em épocas de chuva, a vazão dos cursos d’água excede em muito essa capacidade, impossibilitando o funcionamento da estação e contribuindo para a degradação da Lagoa.
Os impactos da contaminação vão além da estética e da biodiversidade da Lagoa. Alex alerta para os riscos à saúde pública causados pela proliferação de cianobactérias, que liberam toxinas perigosas ao morrerem. Ele também enfatiza a complexidade da gestão da bacia hidrográfica, que abrange os municípios de Belo Horizonte e Contagem. Enquanto a Prefeitura de Belo Horizonte atua de forma eficiente dentro de seus limites geográficos, não tem jurisdição para intervir na porção da bacia localizada em Contagem, o que demanda maior cooperação entre os municípios e outras entidades responsáveis.