A mobilidade urbana planejada e sustentável, voltada para o bem-estar da população é um desafio de todo gestor público hoje no Brasil, sobretudo, nas grandes metrópoles. Em Belo Horizonte, cidade com mais de 2,3 milhões de pessoas, a situação não é diferente.
A capital mineira é a sexta cidade mais populosa do país, possui 487 bairros perfazendo uma área de 332 km² (o equivalente a mais de 33 mil campos de futebol), segundo informações do portal BHAZ, que afirma ainda ser o sistema de ônibus tradicional o mais usado pela população no seu dia a dia. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,) a cidade tem 2,6 milhões de veículos.
Mas, um fato que traz imensa preocupação ao Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais (Senge-MG) é a extinção da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte S/A, BHTrans, uma sociedade de economia mista municipal consolidada pela Lei 11.319/2021.
Nessa segunda (2/12/24), o projeto de lei 1014/24 de autoria do Executivo foi aprovado na Câmara Municipal, alterando a estrutura administrativa da Prefeitura de Belo Horizonte, durante reunião extraordinária do plenário. As mudanças trazidas pela reforma administrativa entrarão em vigor no primeiro dia útil do mês subsequente ao de sua publicação e mais uma vez a extinção da BHTrans ganhou o centro das atenções. O vereador Bruno Pedralva (PT) informou que já conseguiu com o gabinete do prefeito uma reunião para continuar a discussão sobre a revogação da extinção da BHTrans, garantindo que este é um compromisso da bancada.
O fato da Prefeitura de Belo Horizonte ter extinto a BHTrans, criada na gestão de Eduardo Azeredo, infelizmente não solucionou os problemas de mobilidade da capital mineira e representou um retrocesso em relação à gestão técnica e eficiente que a empresa desempenhou ao longo de mais de 30 anos.
Considerada uma empresa exemplo de inovação, referência nacional e internacional, a empresa construiu uma trajetória de sucesso, com um quadro técnico-profissional altamente qualificado, incluindo engenheiros representados pelo Senge-MG.
A decisão de substituir a BHTrans pela Superintendência de Mobilidade Urbana de Belo Horizonte (Sumob) ignorou o investimento intelectual e de capacitação dos técnicos da empresa. Com isso, um patrimônio público valioso foi desperdiçado, enquanto a Sumob ainda carece da expertise necessária para cumprir suas funções com a mesma eficiência. Além disso, a extinção deixou os/as servidores/as concursados em situação de insegurança, sem garantia de aproveitamento em funções futuras e com o risco de substituição por profissionais contratados de forma política.
O Senge-MG destaca que os desafios centrais da mobilidade urbana em Belo Horizonte, como a transparência nos contratos de transporte coletivo e a qualidade do serviço prestado, permanecem sem soluções concretas. A criação de um novo órgão, desprovido do conhecimento acumulado pela BHTrans, não resulta em melhorias para a população.