Uma preocupação que não quer se calar. Temos visto com razoável frequência informações sobre a escassez, cada vez maior, de engenheiros formados no mercado. As razões para isso são múltiplas, mas é fato relevante que a profissão veio perdendo atratividade, especialmente junto à nova geração, após a execração do segmento pela Lava Jato, a falta de desenvolvimento e de industrialização do país.
O baixo interesse pela engenharia com repercussões drásticas no mercado formal de trabalho estamos vendo agora por meio do estudo “O Futuro das Engenharias no Brasil 2023”, elaborado pela Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea, que aponta uma defasagem na formação e ocupação de engenheiros no país, o Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais (Senge-MG) compartilha a preocupação expressa na pesquisa.
O assunto foi pauta da reunião da Diretoria Colegiada e do Conselho de Comunicação do Senge-MG, no último dia 30/10. Os dados do relatório mostram que, embora o Brasil conte com cerca de 1,1 milhão de profissionais registrados no Sistema Confea/Mútua, apenas 53,3% possuem vínculo empregatício formal, e apenas 28,16% atuam em funções típicas de engenharia. Esse cenário reflete uma baixa retenção de engenheiros na área e a falta de atratividade da profissão, que enfrenta obstáculos estruturais e de qualificação no mercado de trabalho.
Formação deficitária
Outro ponto alarmante identificado pelo relatório é a qualidade da formação oferecida aos engenheiros no país. Mais de 40% dos cursos de engenharia no Brasil foram classificados com conceitos 1 e 2 pelo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), o que indica uma formação insuficiente para as demandas complexas da profissão. Essa baixa qualidade impacta diretamente a capacidade do setor de engenharia de atender às necessidades de inovação e desenvolvimento em áreas como infraestrutura, saneamento, energia e tecnologia, áreas essenciais para o crescimento econômico e social do Brasil.
Nessa direção, em 2024 o Senge-MG realizou eventos e cursos de capacitação na modalidade online, de requalificação profissional partindo de sondagens feitas junto à sua base filiada, em consonância com os seus anseios mais comum. Da administração contratual em projetos de engenharia, passando pelo Excel Avançado até cursos diversos e gratuitos pela plataforma Qualificar em parceria com o CREA-MG e a Qualificar Entidades de Classe.
Desvio ocupacional
A pesquisa também revela um desvio ocupacional significativo, em que muitos engenheiros formados acabam atuando em áreas administrativas ou técnicas que não exigem diploma de engenharia. Entre os engenheiros empregados com carteira assinada, 34,52% atuam em cargos técnicos de nível médio, com salários abaixo do piso regulamentado para a engenharia.
Para o Senge-MG, esse fenômeno contribui para um ciclo de desvalorização da profissão e afeta a capacidade do país de contar com uma força de trabalho altamente qualificada para responder aos desafios nacionais de infraestrutura e inovação.
O relatório também mostra que a distribuição de engenheiros é desbalanceada entre as regiões do Brasil, com uma grande concentração no Sudeste, onde estão registrados 50% dos profissionais, enquanto estados mais distantes dos centros econômicos, como os do Norte e Nordeste, apresentam menor oferta de profissionais. Esse cenário reforça a importância de políticas públicas que incentivem tanto a formação quanto a retenção de engenheiros no Brasil.
Para promover um futuro mais alinhado às necessidades do país, o Senge-MG entende ser preciso desenvolver programas de incentivo que aprimorem a qualidade dos cursos de engenharia e valorizem a profissão. Para um entendimento mais detalhado das questões levantadas, disponibilizamos a pesquisa completa “O Futuro das Engenharias no Brasil 2023”, por meio do link https://www.creaba.org.br/wp-content/uploads/2023/12/futuro_engenharias-compactado-1.pdf