História

Uma trajetória de lutas e conquistas

O Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais (Senge-MG) completou, em 2012, 65 anos de existência e tem muita história para contar sobre a mobilização e a luta dos profissionais da Engenharia e o engajamento político do próprio sindicato. Criado em 25 de agosto de 1947, quando o Ministério do Trabalho aprovou e reconheceu seus estatutos, o Senge-MG surgiu da fusão dos sindicatos de engenheiros de Minas, Civis e Arquitetos, Engenheiros Eletricistas e Engenheiros Industriais e Mecânicos existentes àquela época.

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1947 a 1957

O Senge-MG praticamente não teve atuação no que diz respeito à ação sindical ou intervenções nos movimentos sociais/populares que ocorriam no estado. Em 1957 o Sindicato funcionava na sede da Av. Álvares Cabral, nº45 e houve, neste mesmo ano, uma reforma no estatuto social da entidade, atendendo portaria do Ministério do Trabalho.

1964

Através do então presidente Aimoré Dutra Filho, o Senge-MG torna-se um dos patrocinadores da lei 4950-A/66, que estabelece o Salário Mínimo Profissional para a categoria. “Há outra coisa que muito me orgulha durante o tempo em que presidi este Sindicato. Eu redigi o texto da lei que trata do Salário Mínimo Profissional para a categoria. O Senge-MG é um dos pais da lei 4950-A/66”, disse Aimoré Dutra Filho, em depoimento à revista comemorativa dos 50 anos do Sindicato.)

1964 a 1977

No período da ditadura militar, junto com o amordaçamento de boa parte da sociedade civil brasileira, organizada ou não, o Sindicato de Engenheiros praticamente saiu de cena. A partir de 1972 até 1977, o Senge-MG não realizou eleições e no período de 1966 a 1977 nenhum engenheiro se filiou ao Sindicato. Paulo Gaetani, presidente do Senge-MG entre 1966 e 1977, em depoimento à revista comemorativa dos 50 anos do Sindicato, reconhece que seu período foi de grande desmobilização dentro da categoria.

1977 a 1980

Presidente do Senge-MG entre 1977 e 1980, Thales Lobato separou o sindicato da Sociedade Mineira de Engenharia (SME) e, em sua gestão, o Sindicato se volta para a prestação de serviços aos associados, com a criação de convênios de assistência médica e com o Sistema Nacional de Empregos (SINE).

1980

Depois de um longo período de ostracismo, o Senge-MG realiza o primeiro processo eleitoral, desde o golpe militar. Neste pleito é derrotado o grupo que durante 14 anos fez do Sindicato um apêndice do Crea-MG e SME.

1981

O novo presidente eleito, Luiz Vasconcelos, assume a direção do Sindicato e o Senge-MG abraça, de vez, a luta a favor do profissional engenheiro. A nova diretoria cria uma Assessoria Jurídica para dar assistência gratuita aos associados, cria comissões e grupos de trabalho, lança o Senge Notícias, órgão informativo para levar aos engenheiros as notícias da categoria e muda o Sindicato para uma nova sede na Rua Espírito Santo, nº1701, onde funcionou até 2010. “Além de devolvermos o sindicato aos engenheiros, tiramos a galinha dos ovos de ouro das mãos de um grupo que não queria saber dos engenheiros enquanto trabalhadores assalariados”, dizia Luiz Vasconcelos, em depoimento à revista comemorativa dos 50 anos do Sindicato.

1982

O sindicato fortalece sua política em defesa dos interesses da categoria, cria uma gráfica e uma Comissão de Mulheres. Dando prosseguimento à política de descentralização da entidade, é criada a I Delegacia do Senge-MG, em Uberaba. É realizado o I Congresso Mineiro de Engenheiros, reunindo 400 profissionais e o Sindicato de Engenheiros participa de negociações com 5 empresas estatais (Cemig, Cetec, Usimec, Açominas e Usiminas).

1984

Uma nova diretoria, presidida por Augusto Drummond, assume o Sindicato, defendendo eleições diretas para a Presidência da República e participando ativamente do movimento Diretas Já. Augusto Drummond deixou um legado de crescimento nas negociações coletivas em que o Sindicato tomava parte. Durante seu mandato, o número de profissionais abrangidos por acordos coletivos e dissídios passou de 2.000 para 5.000, em três anos.

1985

O Senge-MG participa do Comitê Mineiro pela Constituinte, decide filiar-se ao Dieese e participa da Conferência Sindical dos Trabalhadores da América e do Caribe.

Comandada pelo engenheiro José Marcius, uma nova diretoria assume o Sindicato. O número de associados subiu de 10.151 no final de 1986 para 10.558. É criada a Delegacia Sindical do Vale do Aço e o sindicato é um dos fundadores do Comitê pró-Participação Popular na Constituinte. Segundo José Március, o grande desafio do movimento sindical era se integrar às lutas da sociedade como um todo. “A engenharia tem que estar a serviço do homem”, dizia.

Uma mulher, a engenheira Maria Cristina Sá Oliveira, eleita pela categoria e assume a presidência do Senge-MG. O Sindicato participa da 1ª Marcha de Protesto contra a política econômica do Plano Collor e sua recessão, quebradeira geral, falência da indústria nacional e o sucateamento das estatais. O mandato foi marcado pela defesa e valorização profissional. “De que valem as exaustivas horas de estudo, cálculos, os projetos, se não temos clareza do sentido do nosso trabalho”, disse a presidente em seu discurso de posse.

Maria Cristina é reeleita presidente do Senge-MG. Além da sua atuação sindical em defesa dos engenheiros e engenheiras nas suas relações de trabalho, o Sindicato se empenha na campanha pelo impeachment de Fernando Collor, espalhando outdoors em diversos pontos de BH, pedindo a renúncia de Collor e filia-se à CUT.

O engenheiro Rubens Martins Moreira foi eleito presidente e uma nova diretoria assume o Sindicato que, junto à categoria, se mobiliza para enfrentar arrocho salarial, demissões em massa, privatizações e as reformas neoliberais que ferem os direitos dos trabalhadores. “Os engenheiros têm um papel estratégico nas transformações por que passam os sistemas de produção do mundo de hoje. Têm também suas responsabilidades, disso decorrente. Detêm o instrumental para propor uma nova gestão da produtividade para construir uma saída em direção ao equilíbrio entre produção, consumo e recursos”, defendia o então presidente Rubens Martins Moreira.

O Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais completa 50 anos de existência

Rubens Martins Moreira é reeleito presidente do Senge-MG e continua o engajamento do Sindicato nas lutas contra a política econômica neoliberal e todas as suas consequências para os trabalhadores brasileiros.

O engenheiro Rubens Martins Moreira assume seu terceiro mandato no comando do Sindicato de Engenheiros. Este período é marcado pelo crescimento da atuação do Sindicato nas negociações coletivas e pela preocupação com as questões que dizem respeito à sociedade como um todo.

Uma nova diretoria é eleita e a frente desta está o engenheiro Nilo Sérgio Gomes.

O Senge-MG se mobiliza para lutar contra a reforma sindical e recusa qualquer tipo de flexibilização dos direitos dos trabalhadores. Além disso, está engajado na recuperação da Engenharia Nacional. O assédio moral no ambiente de trabalho também entra na pauta do Sindicato.

A participação nas negociações coletivas de diversas categorias de engenheiros continua a crescer e o Salário Mínimo Profissional é tema do Seminário Anual do Sindicato. O Senge-MG se envolve no debate da Televisão Digital e lança a campanha Anuidade Social Premiada, que faz parte de sua política de fortalecimento e valorização profissional da categoria.

O Senge-MG completa 60 anos de existência. Temas como a televisão digital, a Emenda 3 que propunha a flexibilização das relações de trabalho e as reformas política e trabalhista estão presentes na pauta do Sindicato. São realizadas eleições e, com chapa única, Nilo Sérgio Gomes é reeleito para a presidência

O Sindicato de Engenheiros adquire sede própria, na Rua Araguari, 658, no Barro Preto. O espaço vai ser uma referência para os engenheiros de todo o Estado. Tem início o debate sobre os problemas urbanos que afligem a capital mineira e o Senge-MG participa ativamente na campanha eleitoral para a prefeitura de BH. “Vamos ter um espaço maior em que será possível construir um auditório para realização dos nossos cursos, assembléias e seminários. A nova sede também vai nos permitir oferecer novos serviços e melhorar a infra-estrutura dos serviços que são oferecidos atualmente”, Nilo Sérgio, sobre a sede própria do Senge-MG.

O Sindicato de Engenheiros foca atenções no debate sobre a Engenharia Pública (lei 11.888), sua viabilidade e os principais obstáculos para sua implantação. Além disso, intensifica a luta pelos direitos da categoria com grande mobilização para as negociações coletivas, a fim de evitar a perda de direitos conquistados, em decorrência da crise econômica mundial. Também entra na discussão sobre desenvolvimento sustentável e o aquecimento global.

O Senge-MG promove o Seminário Internacional Desafios do Movimento Sindical no século XXI. Novas eleições são realizadas e o Engenheiro Raul Otávio da Silva Pereira é eleito presidente do Sindicato de Engenheiros. A sede própria do Senge-MG é inaugurada no dia 5 de novembro e no dia 6 toma posse a nova diretoria.

 

2010-2020

Na década de 2010, intensificou debates sobre a transformação digital e a sustentabilidade na engenharia. Também criou o programa Senge Jovem, que preza a conscientização política e social dos futuros engenheiros (as).

2021-2024

Ainda no período da pandemia da Covid-19, o Sindicato fortaleceu a sua luta pela execução de Acordos Coletivos de Trabalho, Convenções Coletivas e Assembleias que garantissem e contemplassem as necessidades dos (as) engenheiros (as).

Além disse, investiu na criação de programas como Ciclo de Palestras, Senge Cultural e Senge 20 Minutos com intuito de disseminar as informações do mundo da engenharia.

O Sindicato tem se mantido na vanguarda de importantes discussões e, ao longo de seus 77 anos, tem defendido que “sem engenharia não há democracia, muito menos, soberania e desenvolvimento”.