O levantamento qualitativo (entrevista onde são colhidas narrativas, ideias e experiências individuais dos participantes, sem apresentar números concretos) feito pela Doxa Pesquisa apontou que, para os associados ao Senge-MG, prevaleceu a ideia de que os sindicatos, no geral, desempenham um papel importante na luta pelos direitos dos trabalhadores.
Os profissionais participantes dos grupos focais enfatizaram a importância histórica dessas instituições no país, destacando conquistas em prol de melhores condições de trabalho, a proteção dos direitos dos trabalhadores e o papel fundamental que desempenham nas negociações coletivas.
No entanto, essa visão positiva não ofuscou a percepção de que os sindicatos perderam força nos últimos anos, sobretudo após a reforma trabalhista implementada em 2017, durante o governo de Michel Temer.
Por outro lado, as palavras usadas pelos engenheiros não associados para definir “sindicatos no Brasil” são, em sua maioria, negativas. Esses profissionais enxergam os sindicatos como entidades pouco transparentes, excessivamente burocratizadas e distantes da realidade dos profissionais.
Mas, mesmo esses profissionais, não escapam de reconhecer o papel histórico dos sindicatos na construção de direitos sociais e na estruturação da legislação trabalhista no país.
A maioria dos engenheiros sindicalizados, por outro lado, associa o Senge-MG a valores tradicionais do sindicalismo, como representatividade, proteção jurídica e amparo profissional. Essa percepção evidencia o papel relevante do sindicato como suporte à categoria, especialmente em momentos de conflito trabalhista ou na reivindicação de direitos.
Parte dos entrevistados aponta, no entanto, que o sindicato atualmente está menos presente no cotidiano dos profissionais e, em especial, com pouca penetração entre os engenheiros mais jovens.
Essa percepção é associada a um contexto mais amplo de enfraquecimento do movimento sindical no Brasil, agravado pela reforma trabalhista de 2017, que extinguiu a obrigatoriedade da contribuição sindical. Como consequência, muitas perderam capacidade de mobilização, influência e prestação de serviços.
Entre os engenheiros não sindicalizados, o Senge-MG é rotulado com palavras como “desconhecido”, “inexistente”, “sem comunicação” e “distante”. Muitos afirmam nunca ter ouvido falar do Sindicato, e entre os que já tinham algum contato prévio, a percepção predominante é a de que se trata de uma entidade voltada majoritariamente para a defesa dos engenheiros vinculados a órgãos públicos.
Para Murilo Valadares a pesquisa aborda a realidade e não há como dourar a pílula. “Vimos que temos que estar mais próximos dos associados, e mesmo não associados, empregados ou não. Vivemos momentos difíceis onde direitos são constantemente suprimidos e nem todos têm a clareza de como isso é perverso para os profissionais e a engenharia, particularmente aqueles que nunca se associaram. O caminho é longo. A pesquisa foi um primeiro passo. Vamos trabalhar sem descanso para reverter em positivas as críticas negativas de hoje. A pesquisa nos deu caminhos”, sintetiza.