Assédio Zero é um dos pontos mais importantes no programa da atual diretoria do Senge-MG. E nada melhor que colocar isso nas pautas de acordos e convenções coletivas de trabalho.
Ainda que muito aquém do ideal, a conquista já culminou em dois primeiros acordos onde a reivindicação foi pautada: ACTs 2025/2027 da Cemig e da Gasmig. Se num primeiro momento a mesa de negociação da Cemig insistia em não reconhecer “eventuais dificuldades ou falhas do sistema de acolhimento interno da empresa”, agora o termo está lá, cravado no artigo 60º. No ACT da Gasmig, o artigo é o 13º.
Segundo matéria publicada pelo jornal Valor Econômico, em uma pesquisa conduzida pela consultoria estratégica para equidade de gênero Think Eva, quase metade das 3.000 pessoas entrevistadas que trabalham, “já vivenciaram assédio moral no local onde atuam profissionalmente – 41,6% dos homens e 46,3% das mulheres.” Veja a pesquisa completa no final desta página.
Ainda segundo a matéria, mais de um terço das mulheres (35,6%) afirmaram já ter sofrido assédio sexual ao longo da carreira – enquanto 57% dos profissionais, homens e mulheres, disseram já ter presenciado episódios de assédio sexual no trabalho, mesmo que não tenham sido diretamente afetados.
“Os dados mostram, ainda, que 75% das pessoas que já vivenciaram ou testemunhara situações de assédio sexual em seus trabalhos identificaram esse tipo de agressão pelo menos uma vez ao mês.” Em relação ao assédio sexual, ele acontece em todos os níveis hierárquicos, mas há predominância nos cargos pleno ou sênior (45,8%) e de assistente (29,2%).
Uma das conclusões da pesquisa, para o Valor, é que os casos de assédio sexual e moral, em boa parte, ainda não são levados ao conhecimento das organizações. “Muitos não chegam ao RH, é um problema que está no corredor, não está sendo institucionalizado e não está sendo cuidado”, disse Maíra Liguori, cofundadora da Think Eva, ouvida pelo jornal.
Ao pautar a questão em todas as suas negociações, o Senge-MG, levará à direção das empresas o tema e, assim, quer quebrar o modus operandi de muitas delas onde, infelizmente, ainda impera o dito popular: “o pior cego é aquele que não quer ver”.