Os dias seguintes ao fim do referendo popular para privatização da Copasa e Copanor continuam rendendo. A oposição na Assembleia se mantém firme na luta para impedir que o jogo de cartas marcadas do Governo Zema, com apoio da maioria dos deputados estaduais, termine sem o prêmio principal, que é a privatização das duas estatais de saneamento.
Ontem, 12/11, o Senge-MG convidou para um debate (ver a íntegra aqui) o deputado estadual Professor Cleiton, do PV; Lucas Tonaco, representante do Sindágua, e Derik Rosa, assessor do vereador de Belo Horizonte, Bruno Pedralva/PT. Na pauta, qual a melhor saída para colocar água no chopp de Zema, deputados e rentistas que dão como certa a venda de um ativo estratégico para a sociedade e mina de ouro para seus compradores.
Para o deputado Professor Cleiton ainda há muito jogo a ser jogado. Uma coisa é o fim do referendo, outra coisa é a venda em si. Ele lembrou que, em fala no 11º Congresso Mineiro de Vereadores, promovido pela Associação Mineira de Municípios (AMM), iniciado na terça-feira 11/11, em Belo Horizonte, o presidente da AMM e prefeito de Patos de Minas, Luís Eduardo Falcão, lembrou que os prefeitos precisam ser consultados. Ou seja, deputados apoiadores do fim do referendo e pró privatização, não consultaram suas bases.
Para o deputado, o Sindágua precisa insistir com Brasília. “Basta um ofício da Secretaria do Tesouro Nacional perguntando quanto custa a Copasa para tudo parar”, disse. Para ele, Lula precisa ser informado do que está acontecendo em Minas Gerais, onde manobras do governo estadual estão desidratando a Codemig, dona de ativos suficientes para Minas Gerais aderir ao Propag na situação mais vantajosa possível.
“São ações que mexem com a nossa soberania. Saneamento, energia e minérios são estratégicos para Minas Gerais”, pondera. E é exatamente sobre isso que o governador está mexendo seus pauzinhos nada republicanos.
Por sua vez, Lucas Tonaco lembrou que privatização de empresas públicas de saneamento não é assunto novo e, que, desde 2020 oito companhias já foram privatizadas. E a experiência tem mostrado que a modelagem do processo tem sido ancorado em dados fictícios, o que contribui para reequilíbrios futuros. Ou seja, contas mais caras para o consumidor. E sem garantia de água farta nas torneiras.
Para ele, uma carta de intenções de federalização da Copasa, por parte do Tesouro Nacional, seria bem-vinda. Lembra, porém, que no Ministério da Fazenda há dois vieses sobre o assunto: um a favor e outro contra a federalização. Por outro lado, Tonaco enfatiza que, no campo da judicialização, o flanco foi aberto e, que, se o assunto não for resolvido este ano, ano que vem o governo Zema terá maior dificuldades para levar até o final o seu plano de privatizar a Copasa e Copanor.
Derik Rosa, por seu lado, explicou que o gabinete do vereador Bruno Pedralva está debruçado sobre o contrato de concessão entre PBH e Copasa, e que muito há de ser levantado antes de uma possível privatização. Para isso eles propõem um plebiscito para ouvir a população da cidade. São valores bilionários em questão. E esse pode ser um instrumento de luta contra a privatização, particularmente se ganhar contorno metropolitano.