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Copasa é a bola da vez da sanha privativista na ALMG

O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Leite (MDB), anunciou, na quarta-feira (3/9), a retomada da votação dos projetos que compõem o Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados_ o Propag.

Tadeu adiantou que, já na terça, 9/9, seria pautada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/23, que retira a exigência de referendo popular para a venda de estatais mineiras. E anunciou, sem meias palavras, que apenas a Copasa estará em discussão: “Sobre a Cemig ainda não temos consenso”, declarou.

Ou seja, assim, como as direções das estatais mineiras, Cemig em particular, atuam para dividir internamente as entidades representativas dos trabalhadores, a Assembleia de Minas Gerais também resolveu fatiar a sanha privatista. E a Copasa passou a ser a bola da vez.

A atual gestão do Senge-MG, bem como a chapa única que concorre à próxima administração, tem em seu programa a defesa da Copasa e Cemig, justamente pelo forte caráter social e estratégico dessas empresas .

E não se trata de mera proteção corporativa das mais de mil engenheiras e engenheiros que trabalham nas duas empresas. No caso da Copasa, marcada para ser privatizada pela ALMG, os exemplos pelo país e mundo afora é um sinal que maus tempos estão por vir. Dois deles são:

1 – Sabesp

Após privatização, em 2024, a Sabesp, gigante do saneamento brasileiro, entre outras questões, registra: mais receita, com aumento no preço da tarifa e de ligações, sem se importar com o nível de seus reservatórios; demissão de 10% dos funcionários; aumento da distribuição de lucro para os acionistas; vazamentos sem controle e, bingo, seus consumidores estão sob risco de racionamento se São Pedro não ajudar muito.

Em seu site, o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado de São Paulo (Sintaema) aponta que a Sabesp, agora privada, concentra esforços em novas ligações de água, visando ampliar a arrecadação, enquanto deixa de lado projetos fundamentais para garantir o abastecimento de longo prazo.

2 – Alemanha

Por sua vez, o veículo de comunicação alemão, Deutsche Welle, em longa matéria, mostra que “em algumas cidades do mundo, a experiência de privatizar o serviço de saneamento deixou a população insatisfeita.

Segundo uma pesquisa do Transational Institute, 364 delas decidiram reverter privatizações de saneamento desde a virada do século – entre eles, Paris e Berlim.

Os berlinenses desaprovaram a experiência privatista. A tarifa subiu 37% durante o período, “fazendo com que o preço da água em Berlim fosse o maior entre as cidades alemãs”. Em 2012, o governo comprou de volta as ações da RWE e em 2013, as da Vivendi. Com a reestatização, “os preços se estabilizaram e em alguns casos, caíram”. “O controle público levou a maior transparência e abriu-se espaço para investimentos mais de longo termo.”

E aqui?

Conta mais cara, racionamento às portas e demissão em massa de trabalhadores. É isso que vai acontecer. Para o governo de Minas, e grande parte da bancada da sua Assembleia Legislativa, o que importa é o bolso dos acionistas. A população que arque com as consequências.