Sindieletro-MG cobra transparência e critérios objetivos em meio a relatos de discriminação contra sindicalizados e favorecimento de apadrinhados.
Fonte: Sindieletro*
O ciclo de avaliações de desempenho do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) da Cemig, encerrado em 30 de setembro, reacendeu a insatisfação e o sentimento de injustiça entre os trabalhadores.
O que deveria ser um instrumento para promover reconhecimento e valorização tem se transformado em um mecanismo de perseguição e discriminação, especialmente contra quem mantém vínculo com o sindicato ou denuncia irregularidades dentro da empresa.
Segundo relatos recebidos pelo Sindieletro-MG, há um clima de discriminação generalizado em torno das avaliações. Embora nenhum gestor admita abertamente, é “notório e do saber de todos” que as notas baixas e punições recaem sobre quem atua sindicalmente ou move ações judiciais contra a Cemig.
Perseguição e assédio moral
Os casos de perseguição não param por aí. Uma das fontes ouvidas pelo sindicato citou um gerente conhecido por perseguir sindicalistas e que chegou a assediar um trabalhador, forçando uma transferência ilegal. O episódio escancara o uso político e autoritário das chefias, em um ambiente que deveria prezar pela transparência e igualdade de oportunidades.
Mesmo com anos de dedicação, existem trabalhadores que permanecem estagnados, enquanto outros, sem vínculo com o sindicato, avançam mais rápido na carreira.
Avaliações que não valem o papel
Outro ponto recorrente nas denúncias é a falta de coerência entre nota e reconhecimento. As avaliações, que variam de 1 a 5, nem sempre garantem aumento ou progressão. A justificativa padrão, repetida à exaustão, é que “a gerência não tem dinheiro”.
Na prática, o que se observa é uma política de favorecimento e apadrinhamento. Segundo o relato, um diretor seria “protegido do governo” e, sob a gestão de um supervisor ligado a ele, nenhum eletricista recebeu aumento; uma prática que parece se repetir como modus operandi dentro da empresa.
Um sistema injusto e subjetivo
A avaliação de desempenho é um elemento central para garantir igualdade e valorização dentro das empresas. Mas, na Cemig, o processo se tornou um instrumento de controle e punição, completamente afastado dos princípios de equidade.
Os trabalhadores denunciam que o PCCR vem sendo conduzido de forma arbitrária e subjetiva, com critérios pouco claros e sem transparência.
Esse cenário é agravado pelas mudanças trazidas pela Reforma Trabalhista de 2017, que retirou a obrigatoriedade de alternância entre merecimento e antiguidade nas promoções e dispensou a homologação dos Planos de Cargos e Carreiras pelo Ministério Público do Trabalho.
Com isso, a empresa passou a editar normas internas sem controle externo, abrindo espaço para práticas discriminatórias e salários desiguais entre profissionais que exercem a mesma função.
Resistir e registrar
Diante dessas injustiças, o Sindieletro-MG reforça a importância de documentar todas as irregularidades. O sistema de avaliação permite que os trabalhadores insiram comentários e informem se houve ou não reunião de feedback.
É fundamental registrar detalhadamente as discordâncias, explicando quando:
- a nota não condiz com o desempenho;
- o gestor elogiou o trabalho, mas negou o bônus;
- ou quando nenhuma justificativa foi apresentada.
Além disso, todo trabalhador tem o direito de recorrer do resultado da avaliação. O recurso é um instrumento legítimo para contestar injustiças e deve ser utilizado por quem se sentir prejudicado.
O Sindieletro-MG repudia qualquer forma de perseguição política, sindical ou pessoal dentro da Cemig e cobra critérios claros e objetivos nos processos de avaliação. Por isso, seguiremos ouvindo os trabalhadores, denunciando arbitrariedades e pressionando a direção da empresa para que o PCCR volte a cumprir seu verdadeiro papel: valorizar o mérito, reconhecer o esforço e promover a igualdade.
*Saiba mais em www.sindieletromg.org.br/avaliacoes-pccr-da-cemig-instrumento-de-perseguicao