Sindicatos, parlamentares e a população de Curvelo unidos em defesa dos serviços públicos
A Câmara Municipal de Curvelo recebeu, nesta quinta-feira (9), uma audiência pública que reuniu sindicatos, parlamentares e representantes de movimentos sociais em defesa das empresas públicas mineiras. O encontro, promovido pelo Sindieletro e Sindágua, discutiu os impactos da PEC 24/2023, que ameaça a participação popular nas decisões sobre a Copasa e a Cemig.
O evento faz parte de uma série de audiências públicas, que estão sendo realizadas em diversas regiões de Minas Gerais, com o objetivo de alertar a população sobre os riscos da privatização e para fortalecer a mobilização em defesa dos direitos à água e à energia como bens públicos e essenciais.
A diretora do Senge-MG, Carol Ruela, destacou o papel das empresas públicas em garantir acesso universal aos serviços essenciais.
“Precisamos lutar pela empresa pública, para que os benefícios da água e da energia cheguem à toda população, assegurando que o interesse coletivo prevaleça. A lógica privada não garante acesso a quem não pode pagar”.
O presidente do Sindágua, Eduardo Pereira, destacou a importância de manter os serviços de água sob controle público e a necessidade de mobilização social.
“Privatizar a Copasa significa colocar o lucro acima da população. Água é um direito de todos, e não podemos permitir que interesses econômicos ditem quem tem acesso ou não. É fundamental que a sociedade se mobilize e acompanhe de perto essas decisões”, afirmou.
O coordenador-geral do Sindieletro, Emerson Andrada, reforçou a preservação de instrumentos de participação popular, como a necessidade de referendo para privatização da Cemig e Copasa, previstos na Constituição do Estado.
” É fundamental mantermos os instrumentos de participação popular, para que possamos escolher e tomar decisões importantes que afetam a nossa vida, como a gestão da água e da energia. Esses mecanismos são avanços preciosos da nossa democracia que precisam ser preservados”, enfatizou.
Os diretores do Sindieletro e do Sindágua também denunciaram a política de precarização da infraestrutura das companhias mineiras.
“Precisamos entender o que está acontecendo na Copasa e na Cemig hoje. Nós, trabalhadores, estamos acompanhando de perto o processo de precarização do trabalho, que consiste em não fazer mais as manutenções devidas nos equipamentos e, ao mesmo tempo, anunciar investimentos bilionários para elevar a tarifa sem cuidar do que já existe”.
Participação popular e engajamento da sociedade
Durante a audiência, vereadores, sindicalistas moradores e trabalhadores ressaltaram a importância de esclarecer a população sobre a proposta de privatização do governo Zema – a PEC 24/2023:
“Estamos aqui para defender nossos direitos e garantir que a água e a energia continuem sendo serviços públicos. É fundamental que todos saibam o que está em jogo e que a voz da comunidade seja ouvida”, destacou o vereador de Curvelo, Douglas Veríssimo (PV).
O vereador de Lagoa Santa, Marcelo Monteiro (PV), também enfatizou que o verdadeiro embate contra a extrema direita e os especuladores do capital se faz no cotidiano dos municípios. “Sem essa atuação localizada, próxima, a luta popular perde muito de sua potência.”
“É muito importante ouvir as pessoas e os trabalhadores da Copasa e da Cemig, para refletirmos melhor. A população precisa entender o que está acontecendo na Assembleia Legislativa”, opinou o funcionário público Anderson de Almeida.
“A sociedade precisa estar atenta. Esse processo de privatização não pode passar sem que a população participe e dê sua opinião. A PEC deve ser suspensa até que todos possam compreender os impactos”, disse a professora Fátima Amorim.
Sindicatos seguem mobilizados e próxima audiência será em Montes Claros
Como resposta à aprovação da PEC 24/2023, o Sindieletro e o Sindágua protocolaram um pedido de suspensão das discussões do Propag junto ao gabinete do presidente da ALMG, deputado Tadeu Martins Leite (MDB).
Os sindicatos reforçaram que água e energia são direitos, não mercadorias, e que o caminho para uma transição energética justa passa pela manutenção das empresas públicas sob controle social, garantindo participação popular e serviços de qualidade para toda a população.
A próxima audiência pública será realizada em Montes Claros, no dia 20 de outubro, dando continuidade à mobilização e ao debate com a sociedade sobre os impactos da privatização.